sábado, 22 de junho de 2013

Analisando o discurso da Presidente Dilma diante das manifestações

Ontem (dia 21/06) a presidente Dilma fez um longo discurso representando o pensamento do seu governo diante das manifestações populares.

Desde a calorosa vaia recebida na abertura da Copa das Confederações, nossa presidente (me recuso a usar a estranha palavra "presidenta") tem demonstrado um desconforto com esta nova situação. De pedra virou vidraça! Protegida por um marketing de meias verdades conseguiu mascarar altos índices de popularidade que começam a despencar diante de um movimento inédito em nossa história.

Parodiando o ex-presidente, tutor da Dilma, "nunca antes na história deste país" o povo se manifestou assim.
Claro que já tivemos algumas grandes manifestações. As mais recentes foram a campanha das "Diretas Já" (1983/1984) e o "Fora Collor" com os jovens chamados de "cara-pintadas" (1992). Ambas contaram com apoio da mídia, lideranças políticas carismáticas e os atrativos "showmícios", com a presença de artistas e músicos populares. As atuais passeatas, violência a parte, não contaram com o apoio da mídia, repudia partidos políticos e não termina em samba.

Em quase dez minutos nossa presidente se propôs a fazer coisas que já deveria ter feito, além das normais promessas vagas ou sem sentido.

Para o texto não ficar muito longo vamos selecionar alguns momentos marcantes:

1. Fazer ampla reforma política: ela vai fazer agora? Já são 2 anos e meio de governo e não fez antes por que? Ela tem mais de 400 votos num Congresso de 594 parlamentares, ou seja, se realmente quisesse mudar algo já teria feito. Logicamente que seus aliados oportunistas, assim como o seu partido, não pretendem mudar nada, pois "time que está ganhando não se mexe".
2. Ampliar a Lei de Acesso a Informação: como? se ela mesmo recentemente proibiu divulgar os seus gastos de viagem após o escândalo de quase meio milhão gastos na comitiva da posse do papa na qual levou mais de cinquenta pessoas às custas do dinheiro público.
3. Gastos da Copa do Mundo: tentou insinuar que as empresas e estados vão pagar o dinheiro emprestado. Ela esqueceu de dizer que o empréstimo é subsidiado pelo BNDES, ou seja, paga juros menores, sustentado pelos nossos impostos. Bem diferente dos elevados juros pagos pelo povo que a sustenta e ao seu governo.
4. Reunir prefeitos e governadores para debater o Plano Nacional de Mobilidade Urbana: essa foi a maior piada de todas. São 5.570 municípios, 26 Estados mais o Distrito Federal, ou seja, somam-se quase 5.600 prefeitos e governadores. Se cada líder levar apenas um assessor serão mais de 10 mil pessoas. Quantos meses vai durar essa reunião? Imaginando que todos vão se hospedar em hotéis 5 estrelas, quanto vai custar aos cofres públicos esta reunião?
P.S.: No dia 24/06 nossa presidente demonstrou que eu estava errado ao convocar apenas os 27 governadores e os 26 prefeitos de capitais. Neste ponto ela foi sensata. Quanto a insensatez da convocação de uma "Constituinte pela metade" comento em outra postagem.
5. Combater a corrupção: quando ela vai começar? Já caíram 7 ministros em seu governo acusados de corrupção, mas nenhum deles foi preso ou devolveu 1 centavo do dinheiro público envolvido. Além disso seu partido insiste em dizer que o "mensalão" não existe, apesar das provas e condenações recentes no STF.

Enfim, "titia" Dilma, como gentilmente a chamo, falou demais e nada disse que consiga acalmar as manifestações.

Para o meu discurso sair apenas do campo das críticas, vou apresentar utópicas sugestões que possivelmente aumentariam, em curto prazo, a microscópica credibilidade dos nossos políticos:

1. Extinção imediata dos privilégios dos políticos, como casa, alimentação, carro, motorista, celular, décimo-quarto salário, dentre outros que nós contribuintes sustentamos.
2. Redução do absurdo número de 39 ministérios para o máximo de 12 a 15, como fazem os países desenvolvidos, além da eliminação dos milhares de cargos que sustentam os apadrinhados políticos de nossos governantes.
3. Engavetamento urgente dos esdrúxulos projetos anti-populares como a PEC 33, PEC 37 e a "cura gay".
4. Investigação transparente e punição dos responsáveis pelo superfaturamento das recentes "obras faraônicas" de seu governo (lembrei, ao usar o termo "faraônico", das obras da ditadura militar e pensar que a "titia" Dilma lutou contra tudo isso e agora é cúmplice).
5. Transparência máxima com publicação imediata na internet de toda e qualquer despesa realizada pelos governos municipais, estaduais e federal.
6. Prisão dos envolvidos no escândalo do "mensalão".

Estas medidas gerariam um significativo caixa que poderia ser usado na melhoria dos nossos direitos básicos, como a saúde e a educação. Conforme disse: é utópico! Mas lembrando um antigo samba da Mocidade Independente de Padre Miguel "sonhar não custa nada".


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